O impacto das tecnologias de informação e comunicação – as TICs – na vida de cada um de nós é real e incontestável. Não podemos dizer o quanto somos dependentes dos dispositivos móveis – celulares, smartphones, laptops – até que um deles pare de funcionar. É como se fosse a extensão de um dos nossos membros ou dos nossos sentidos, tamanho o transtorno que nos causa a falta de uma dessas tecnologias, que tornaram a nossa vida, em casa ou no trabalho, mais confortável e funcional.

Na sociedade contemporânea, vários fatores contribuíram para uma mudança radical na forma de nos comunicarmos, nos relacionarmos, de trabalharmos e, ainda, a mudança é notória na nossa forma de buscar as informações para entendermos sobre um assunto qualquer. São eles: a globalização da economia, as políticas de apoio e acessibilidade à internet, o desenvolvimento da infraestrutura tecnológica, o aparecimento e a adesão da população mundial (principalmente dos jovens) das redes de relacionamentos.

Podemos afirmar que a sociedade da informação se sobrepôs à sociedade industrial. Também a Educação foi impactada por esse fenômeno contemporâneo e nos obrigou a rever a lógica do ensino tradicional, ou seja, o modelo conteudista e estático de ensinar.

O espaço da escola como local privilegiado de acesso ao conhecimento e ao aprendizado ficou ameaçado na sua hegemonia, com o advento da internet. O paradigma da educação compulsória e maciça não se sustenta mais. Surgiu em seu lugar o ensino personalizado e o aprendizado coorporativo.

Nesse sentido, é evidente a necessidade de adequação e mudança da gestão e das práticas pedagógicas, dos currículos, da organização dos estudos e da sala de aula e da formação docente às exigências de uma população de alunos que nasceu na era digital.

Engana-se quem pensa que os professores perderão sua função e seu valor, porque o acesso livre e constante aos conhecimentos e a qualquer informação, não garante a real aprendizagem e a compreensão necessária daquilo que é exposto na internet. É o professor que continua sendo o mediador entre o conhecimento e os alunos, ensinando-os a utilizar as TICs em seu favor e a fugir do que se chama de “infoxicação”, isto é, a intoxicação de informações.

A formação de uma consciência crítica, que aprende a separar o conhecimento válido daquele que não é o verdadeiro e a competência de “aprender a aprender”, continuam sendo as tarefas do professor com o seu aluno, seja nos ambientes virtuais ou presenciais. Sendo assim, a apropriação das ferramentas tecnológicas, que podem ser utilizadas para ensinar, deve ser uma habilidade essencial da docência, nesse momento histórico.

Importante é lembrar que existe uma “chaga” nessa questão que os professores e a própria escola não podem resolver: o buraco que existe entre os alunos que desfrutam das tecnologias e do acesso à web, para aprender, e tantos outros que jamais chegarão perto dessa condição por questões sociais. Haja vista o que aconteceu nessa pandemia com os alunos das escolas públicas que, mesmo com um aparato de recursos providenciados por alguns governos estaduais e municipais, muitas crianças e jovens ficaram completamente sem o acesso às aulas durante esses dois anos letivos.

As teorias de ensino-aprendizagem, devido à inclusão da tecnologia e do movimento das conexões como atividades de aprendizagem, provocaram um novo olhar sobre a Educação na era digital. O conectivismo é a primeira abordagem teórica que procura explicar o impacto da internet sobre o ensino e a aprendizagem, buscando responder aos desafios dos professores e da escola para uma adequada educação, na sociedade da informação.

Os precursores do cognitivismo foram o professor canadense da Universidade do Athabasca, George Siemens; e Stephen Downes, especialista em tecnologia educacional on-line e novas mídias e um dos criadores dos MOOCs (massive open online courses, ou cursos on-line abertos e massivos).

Segundo Siemens (2004): “O cognitivismo, frequentemente assume um modelo de processamento de informações por computador. A aprendizagem é vista como um processo de inputs, guardados na memória de curto prazo, e codificados para serem buscados no longo prazo.”

Nesse sentido, o conhecimento, que é distribuído por meio de uma rede de conexões, promove a aprendizagem utilizando a capacidade do sujeito de construir e atravessar essas redes. Ou seja, aprender é um processo de conexão entre o sujeito aprendente e o objeto de aprendizado, que formam estruturas organizadas no cérebro. É um processo individual e ao mesmo tempo compartilhado.

Os autores do conectivismo argumentam, ainda, que a internet mudou a natureza essencial do conhecimento, ou seja, a duração ou o valor do conhecimento, que levavam décadas para serem alterados ou revistos, hoje, em muitas áreas, essa duração acontece em meses e anos; o que obrigou as organizações a desenvolverem métodos de treinamento e instrução que acompanhassem essa volatilidade e a real utilidade dos conhecimentos.

Para Siemens:

A tomada de decisão é, por si só, um processo de aprendizagem. Escolher o que aprender e o significado das informações que chegam é enxergar através das lentes de uma realidade em mudança. Apesar de haver uma resposta certa agora, ela pode ser errada amanhã devido a mudanças nas condições que cercam a informação e que afetam a decisão

O autor chama a atenção, também, para o fato de que a aprendizagem e o conhecimento acontecem em vários ambientes que não somente os tradicionais, por exemplo, nas comunidades de ações educativas -ONGs, nas redes pessoais e no ambiente do trabalho.

Por tudo isso, temos uma certeza: o processo tradicional de ensino aprendizagem, na era digital, não se sustenta mais. E os educadores não podem dar as costas a essa realidade, resistindo ao processo de mudança na forma de aprender e ensinar, pelo simples fato de se sentirem ameaçados nas suas certezas.

Todas as outras ciências estão utilizando as tecnologias nas suas atividades e a educação deve tomar a dianteira nesse processo, sob pena de seus profissionais se verem substituídos por outros seguimentos.

 

Se você quer aprender ainda mais sobre este tema, acesse agora mesmo o vídeo com a live  da série “Explicando Educação: https://youtu.be/oE3XERj5NH4

 

Referências

FILATRO, Andrea. Design instrucional contextualizado. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2004.

KENSKI, Vani Moreira (org.). Design instrucional para cursos on-line. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2016.

SIEMENS, George. CONECTIVISMO: Uma Teoria de Aprendizagem para a Idade Digital. 12 dez, 2004.

Disponível em: http://usuarios.upf.br/~teixeira/livros/conectivismo%5Bsiemens%5D.pdf

Acesso: 28 out, 2021 às 18:37.

 

Por: Solgane Padilha