A sigla VUCA é um acrônimo formado pelas iniciais de 4 palavras: Volatilidade (Volatility), Incerteza (Uncertainity), Complexidade (Complexity) e Ambiguidade (Ambiguity). Foi utilizada pela primeira vez após o final da guerra-fria, nos anos 1990, para descrever o caos de incertezas que o mundo corporativo iniciou a enfrentar devido à Globalização.

Sobre os conceitos representados nesse acrônimo podemos interpretá-los das seguintes formas:

• Volatilidade: as mudanças rápidas, constantes e inesperadas do nosso mundo contemporâneo não permitem uma previsão acertada, nem mesmo próxima do certo, haja vista os últimos acontecimentos mundiais, como as guerras, a
mudança climática e principalmente o “xeque-mate” da pandemia do coronavírus, que despencou com todas as previsões para os últimos dois anos, por todo o globo terrestre.

• Incerteza: Toda essa volatilidade dos atuais fatos, que a cada instante nos bombardeiam, produz uma grande dificuldade para o planejamento de investimentos, de orçamentos e de tomada de decisões importantes que, muitas
vezes, irão afetar um grande número de pessoas, como, por exemplo, um empresário que precisa manter o emprego de seus funcionários.

• Complexidade: As sociedades contemporâneas estão cada vez mais complexas e os problemas que essas produzem também se tornam muito difíceis de serem resolvidos. Haja vista o caos do trânsito dos grandes centros, o controle da produção de lixo, o endividamento das famílias, a utilização moderada de energia e água etc. Nesse sentido, é um grande desafio obter uma visão global que perceba todos os lados de um problema, para tentar resolvê-lo.

• Ambiguidade: Esse termo do acrônimo VUCA se refere à diversidade de culturas, valores, comportamento etc. Vivemos num mundo onde a população dos “diferentes” dos padrões estabelecidos, tradicionalmente, como únicos e
válidos conquistaram sua liberdade. Sendo assim, o mundo binário, do “certo e errado”, “bem e mal”, “feio e bonito”, “masculino e feminino”, “sim e não” foi revirado e entrou em colapso.

Nesse cenário, onde se localiza a Educação que está sendo oferecida nas escolas e universidades? O ensino tradicional atende às exigências contemporâneas? No final dos anos 1990, juntamente com o aparecimento da sigla VUCA, um simpático filósofo francês, Edgar Morin, foi convidado pela UNESCO para expor suas ideias sobre a Educação apropriada para o futuro. E o autor nos presenteou com o livro:” Os Sete Saberes para a Educação do futuro”, os quais se apresentam resumidos a seguir:

1. As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão Morin nos fala da possibilidade real do erro do conhecimento que a ciência nos apresenta e da ilusão de que essas verdades são eternas. O autor aponta para uma educação que deve ensinar que o conhecimento só é válido até que outro apareça e o conteste com provas, mostrando os equívocos daquele primeiro. Portanto, devemos ensinar a como proceder, ou qual atitude tomar, diante dessa possibilidade ilusória e passageira de uma verdade cientifica.

2. Os princípios do conhecimento pertinente: Nesse saber, Morin fala do ensino dos conhecimentos em disciplinas, de forma fragmentada, que impossibilita a construção da visão global que o indivíduo deve desenvolver para enxergar todos os lados de um problema. A educação deve apresentar um ensino de conhecimentos contextualizados, cujo processo de aprendizado deve ser voltado para o global, o multidimensional e o complexo.

3. Ensinar a condição humana: O autor afirma que o ser humano, na sua complexidade, deve ser o objeto de estudo na escola. Ou seja, a educação deve ensinar aos alunos a buscar conhecer quem somos: seres naturais, físico, psíquico, que erra e acerta; que ama e odeia; que fere e se fere; que tem medo, que tem fome e que morre. Lidar com a sua individualidade e com as relações no coletivo precisa ser ensinado e aprendido, desde a infância e por toda a vida.

4. Ensinar a identidade terrena: A escola deve ensinar, ainda, que os problemas que enfrentamos, em qualquer setor da sociedade, estão todos amarrados uns aos outros. O que acontece numa parte do planeta afeta a todo o resto. A educação deve estimular o conhecimento do planeta e a forma como devemos nos relacionar com ele. Não somos o rei do universo, mas fazemos parte dele. Não temos o direito de usar e abusar dos outros elementos da natureza. Toda a natureza viveria bem melhor na ausência da raça humana, no planeta.

5. Enfrentar as incertezas: Na escola, só aprendemos as certezas. O processo educativo precisa ensinar a lidar com as incertezas e o inesperado. Morin dá o nome de ecologia da ação, que é o de processar rápido os efeitos do inesperado
e saber qual atitude tomar. A aventura humana não é previsível.

6. Ensinar a compreensão: Morin ressalta que a educação para o mundo VUCA deve possibilitar a busca da compreensão do diferente de mim e o meu entendimento e a aceitação daquilo que eu não reconheço como válido. Ou seja, devemos ensinar e aprender a deixar de tentar compreender o outro a partir das nossas crenças e valores.

7. A ética do gênero humano: Ensinar a cidadania terrestre por meio do treino da democracia e do diálogo. O autor utiliza o conceito de antropo-ética para se referir à necessidade de se religar os três elementos que compõem o ser humano: o individual, o social e o biológico. Nesse sentido, a antropo-ética aponta para o reconhecimento e o respeito das diferenças individuais e coletivas.

No ensino da ética do ser humano, o futuro da humanidade depende de como o homem vai construir o seu caminhar. E a educação não pode mais falhar nesses sete saberes.

 

SAIBA MAIS SOBRE O TEMA NA LIVE EXCLUSIVA REALIZADA EM NOSSOS CANAIS. ACESSE AGORA: https://youtu.be/DQNgUxr70y0

Por: Solange Padilha